O sequestro de Choi Eun-hee: um drama real na história do cinema

Uma viagem aparentemente simples para Hong Kong se transformou em um pesadelo de oito anos para a renomada atriz sul-coreana Choi Eun-hee. Reconhecida internacionalmente como uma das artistas mais talentosas da Coreia do Sul, Choi Eun-hee teve seu destino drasticamente alterado ao ser sequestrada pela Coreia do Norte a mando de Kim Jong-il. Na época, Eun-hee era casada com o cineasta Shin Sang-ok e juntos fundaram a Shin Film, deixando um legado na indústria cinematográfica sul-coreana. Com uma carreira brilhante que incluiu mais de 130 filmes, Choi Eun-hee era uma das atrizes mais respeitadas de sua geração. Após 22 anos de casamento, Choi Eun-hee se viu em meio a um escândalo quando seu marido Shin Sang-ok se envolveu em um caso extraconjugal e teve dois filhos com outra atriz mais jovem. O divórcio resultante levou Eun-hee a enfrentar desafios em sua carreira e reputação, uma vez que naquela época o divórcio era malvisto pela sociedade. No entanto, em 1978, ela decidiu viajar para Hong Kong em busca de oportunidades profissionais, sem saber que estava prestes a se tornar parte de um plano maquiavélico orquestrado por Kim Jong-il. O líder norte-coreano desejava revitalizar a indústria cinematográfica de seu país e viu em Choi Eun-hee e Shin Sang-ok uma oportunidade única. Sob o pretexto de representar um agente de talentos, Eun-hee foi enganada e levada para a Coreia do Norte, onde foi recebida com luxo e levada a residir em uma casa opulenta na Baía de Napo. Enquanto era tratada como uma estrela em Pyongyang, a capital norte-coreana, Eun-hee também serviu como isca para atrair seu ex-marido Shin Sang-ok, que após uma intensa busca, também foi sequestrado e levado para o país. O casal foi forçado a retomar seu casamento e colaborar com Kim Jong-il na produção de filmes para a Coreia do Norte. Apesar das circunstâncias de sua estadia forçada, Choi Eun-hee e Shin Sang-ok conseguiram realizar sete filmes durante seu tempo no país, um dos quais rendeu a Eun-hee o prêmio de melhor atriz no 14º Festival Internacional de Cinema de Moscou em 1985. Após oito anos de cativeiro, o casal conseguiu escapar em 1986, buscando refúgio na embaixada americana em Viena. Em segredo, Eun-hee e Shin gravaram evidências do sequestro e da manipulação que sofreram nas mãos de Kim Jong-il, que constantemente tentava retratar a estadia do casal na Coreia do Norte como sendo de livre vontade. Após receberem proteção nos Estados Unidos, o casal viveu por uma década antes de retornar à Coreia do Sul em 1999. Até hoje, o governo norte-coreano mantém a versão de que Choi Eun-hee e Shin Sang-ok desertaram para o Norte, enquanto a verdade sobre seu sequestro e vidas sob coação permanece como um capítulo sombrio na história do cinema. O caso de Choi Eun-hee e Shin Sang-ok evidencia de forma dramática as tensões e complexidades que permeiam as relações entre Coreia do Sul e Coreia do Norte, além de destacar o uso do cinema como uma ferramenta de propaganda e influência política. Através de sua coragem e determinação, o casal conseguiu sobreviver a um dos episódios mais perturbadores da história do cinema, deixando um legado de resiliência e dedicação à arte cinematográfica.

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