Jenny Odell e a Cronodiversidade: Repensando a Gestão do Tempo

Jenny Odell desafia práticas de gestão do tempo para aumentar a produtividade, promovendo a ideia de cronodiversidade. Questiona a divisão tradicional do dia em três partes iguais e destaca a confusão entre vida pessoal e profissional na era do trabalho remoto.

Jenny Odell e a Cronodiversidade: Repensando a Gestão do Tempo

Jenny Odell é uma figura conhecida em certos círculos de entusiastas de produtividade e desempenho, mas não exatamente pelos motivos tradicionais. Ela é considerada uma "inimiga" das práticas de "comprimir o tempo" para aumentar a produtividade. Na visão de Odell, tudo isso é uma ilusão. Em seu livro "Resista: não faça nada – A Batalha pela Economia da Atenção", lançado há alguns anos, Odell critica a "capitalização do nosso tempo, a monetização de nossa atenção e o estado de impaciência e ansiedade em que vivemos". Agora, ela retorna ao debate com o conceito de "cronodiversidade", uma ideia que sugere que o tempo é um constructo cultural e que é crucial reconhecer que o ritmo e a velocidade de vida nas sociedades modernas estão longe de serem normais. O termo "cronodiversidade" pode soar estranho à primeira vista, mas sua mensagem é simples: o tempo e sua temporalidade são variáveis e não deveriam ser padronizados para todos. Em um artigo do jornal El Mundo, José María Robles destaca como frequentemente nos ensinam que tempo é dinheiro e como organizamos nossas vidas em torno do relógio corporativo. Odell argumenta que cada ser, seja pessoa, planta ou coisa, possui seu próprio tempo, e reconhecer essa diversidade temporal é essencial para repensar nossa relação com o tempo e como isso influencia nossa maneira de viver. A prática tradicional de dividir o dia em três partes iguais – oito horas de trabalho, oito de sono/descanso e oito de lazer/outras atividades – é questionada por Odell. Ela levanta questionamentos sobre a eficácia dessa abordagem e destaca o movimento crescente que critica a jornada de oito horas como algo obsoleto e improdutivo. Muitos defensores da semana de quatro dias ou da redução da jornada de trabalho apontam como o trabalho remoto e as novas tecnologias têm turvado as fronteiras entre vida profissional e pessoal, resultando em uma disponibilidade constante e pressão para estar sempre conectado. Manel Fernández Jaria, professor de Economia e Estudos Empresariais da Universidade Aberta da Catalunha, ressalta que, na era do trabalho remoto e da hiperconexão, a teoria dos "três oitos" passou por uma transformação significativa, levando a uma confusão entre vida pessoal e profissional. Essa constante disponibilidade tem acarretado problemas como estresse, invasão do espaço privado e esgotamento, que afetam áreas além do trabalho e impactam a qualidade de vida das pessoas. Em uma entrevista ao jornal O Globo, Jenny Odell discute sua discordância com os "gurus da gestão do tempo" e destaca como a imposição do tempo foi historicamente vinculada ao colonialismo. Ela aponta para exemplos como os diferentes padrões de sono de indivíduos que não se encaixam nos ritmos impostos pela sociedade moderna, evidenciando a necessidade de personalização dos horários para melhor acomodar as necessidades individuais e evitar o esgotamento. Em resumo, Jenny Odell desafia as convenções impostas sobre o uso do tempo e a produtividade, argumentando que a diversidade temporal é essencial para uma vida equilibrada e saudável. Sua crítica às práticas tradicionais de gestão do tempo e sua proposta de cronodiversidade convidam a uma reflexão sobre como podemos repensar nossa relação com o tempo e encontrar um equilíbrio que atenda às demandas individuais em um mundo cada vez mais acelerado e exigente.

Fonte Notícia: https://br.ign....

Qual é a sua reação?

like

dislike

love

funny

angry

sad

wow