Riscos dos pigmentos tóxicos em livros antigos

No passado, a produção de livros tinha métodos bastante singulares. Em dezembro de 2023, a Sociedade Alemã de Bibliotecas revelou a presença de "componentes de pigmentos potencialmente prejudiciais à saúde" em coleções históricas, incluindo arsênio, segundo reportagem do Süddeutsche Zeitung. Diante disso, universidades na Alemanha bloquearam bibliotecas e milhares de livros para inspeção, pois há a suspeita de que alguns deles possam estar contaminados. Alguns casos chegaram a resultar em envenenamentos de leitores. A razão para isso é o uso de certas cores no século 19 que continham acetoarsenito de cobre em sua composição, uma mistura de acetato de cobre com trióxido de arsênico. Em particular, os pigmentos verdes "Schweinfurter" e "Paris" são considerados os mais perigosos, cuja exposição prolongada pode causar desde dor de cabeça e cólicas até o risco de câncer. A intoxicação por arsênio está associada ao desenvolvimento de câncer e doenças cardíacas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), pois afeta o funcionamento e a comunicação das células. Desde o século 19, várias indústrias utilizavam corantes com substâncias químicas, resultando em diversos casos de intoxicação em toda a Europa. Roupas, sapatos, paredes e outros objetos impregnados com esses pigmentos contribuíram para envenenar as pessoas, sendo os trabalhadores das fábricas que produziam essas substâncias as principais vítimas. Embora alertas sobre os riscos dessas substâncias tenham circulado por algum tempo, foi somente em 2023 que receberam destaque na mídia europeia, especialmente na Alemanha. Considerando a grande quantidade de pigmentos tóxicos produzidos, é compreensível que objetos antigos ainda possam conter essas substâncias nocivas. Nos EUA, o Poison Book Project busca identificar e catalogar livros que contenham veneno, encontrando aproximadamente 253 deles até fevereiro de 2024. Diante dessa descoberta, é importante reconhecer a relevância de preservar e estudar com cuidado os materiais antigos presentes em bibliotecas e acervos históricos, a fim de garantir a saúde e segurança de pesquisadores e curiosos que têm acesso a essas obras. A conscientização sobre os perigos potenciais presentes em pigmentos antigos é fundamental para evitar problemas de saúde decorrentes da exposição a essas substâncias químicas. Iniciativas como o Poison Book Project nos EUA mostram a importância de reconhecer e lidar com materiais históricos de maneira responsável, garantindo a preservação do conhecimento sem comprometer a saúde das pessoas envolvidas na sua manipulação e estudo. É necessário que bibliotecas, instituições culturais e pesquisadores estejam atentos a essas questões de segurança e saúde pública ao lidar com acervos contendo pigmentos potencialmente tóxicos. Em um mundo cada vez mais consciente dos impactos negativos de substâncias tóxicas, é essencial que a comunidade acadêmica, os profissionais da área de preservação de patrimônio e os entusiastas de história redobrem a atenção ao lidar com materiais que possam representar riscos à saúde. A disseminação de informações e a adoção de práticas seguras de manipulação de objetos antigos são fundamentais para garantir que o conhecimento do passado seja preservado de forma segura e responsável para as gerações futuras.

Fonte Notícia: https://br.ign....