Críticas à falta de precisão científica em filme da Netflix sobre tubarões gera debate

Os filmes muitas vezes apresentam imprecisões científicas, o que geralmente não é um problema em obras de ficção científica. No entanto, quando um filme se passa em nosso mundo real, as inconsistências podem se tornar um obstáculo significativo. Recentemente, uma produção francesa da Netflix chamada "Sob as Águas do Sena" tem gerado debate na comunidade científica devido às suas falhas científicas. Dirigido por Bérénice Bejo e Nassim Lyes, o filme conta a história de um grande tubarão que invade o rio Sena e passa a cometer assassinatos durante as provas de natação dos Jogos Olímpicos de 2024. Essa premissa, embora seja interessante do ponto de vista do entretenimento, tem deixado os cientistas perplexos devido à falta de precisão científica apresentada na obra. Nicolas Ziani, fundador do Phocéen Shark Study Group, expressou sua opinião crítica sobre o filme, afirmando que "Sob as Águas do Sena" é uma vergonha em termos de sua representação dos tubarões. Ele aponta que o filme é ainda menos coerente do que outras produções do gênero, como "Megatubarão", e critica a falta de credibilidade científica da narrativa. Ziani destaca que o grande tubarão branco não sobreviveria nas águas do Sena, mesmo sem considerar a poluição, e critica a imagem alarmante e distorcida dos tubarões transmitida pelo filme. Typhaine Coste, mediadora científica do Aquário de Paris, também se manifestou contra a representação equivocada do filme sobre os tubarões, ressaltando que o perigo desses animais é frequentemente superestimado. Ela menciona estatísticas que mostram que, globalmente, os ataques de tubarão são raros e que a maioria deles não resulta em fatalidades. A comunidade científica está preocupada com a má imagem que o filme perpetua dos tubarões, especialmente considerando a situação vulnerável em que muitas espécies se encontram atualmente. Além disso, o filme "Sob as Águas do Sena" tem recebido críticas do público e da imprensa, apesar de sua popularidade na Netflix. Mesmo sendo um dos filmes não ingleses mais assistidos na plataforma, a recepção tem sido mista, com avaliações negativas em diversos agregadores de críticas. No site Rotten Tomatoes, por exemplo, embora a aprovação da crítica especializada seja de 65%, a pontuação do público é de apenas 35%. Apesar das críticas e das imprecisões científicas apontadas, o filme conseguiu atrair uma grande audiência, o que evidencia o fascínio do público por histórias envolvendo criaturas misteriosas e ameaçadoras como tubarões. No entanto, a falta de embasamento científico e a distorção da realidade apresentadas pela obra levantam questões sobre a responsabilidade dos filmes em relação à disseminação de informações corretas e à representação adequada de determinados temas, como a preservação da vida marinha. Em última análise, "Sob as Águas do Sena" destaca a importância de abordar questões científicas com rigor e precisão, mesmo em contextos de entretenimento. A divulgação de informações corretas e a promoção de uma consciência ambiental adequada são aspectos essenciais que podem ser trabalhados de forma criativa e cativante, sem recorrer a recursos que comprometam a veracidade dos fatos ou a imagem de determinadas espécies. A crítica da comunidade científica ao filme ressalta a importância da educação e da divulgação científica responsável, visando a um melhor entendimento e apreciação do mundo natural à nossa volta.

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