Biocimento inovador: o futuro sustentável da construção civil

Pesquisadores desenvolvem biocimento com propriedades de autocura a partir de resíduos da cana-de-açúcar e bactérias, visando sustentabilidade e eficiência na construção civil. Avanço promissor rumo a materiais e processos mais ecológicos.

Biocimento inovador: o futuro sustentável da construção civil

Há uma grande corrida em andamento, envolvendo universidades, indústrias e agências, para "reinventar" o concreto, um material que tem sido crucial ao longo dos milênios. A busca atual é por um material que preserve as características essenciais do concreto convencional, mas que seja mais sustentável, mais leve e, agora, que possua propriedades de autocura. Com um consumo global de mais de 4 bilhões de toneladas de cimento em 2021 e com a previsão de um crescimento anual de 5% até 2027, de acordo com o Yahoo, a necessidade de inovação nesse setor é evidente. Além da produção em si, é importante considerar a manutenção do concreto, que pode deteriorar ao longo do tempo. Os custos associados às reparações de concreto acompanham o ritmo do consumo, com estimativas de cerca de US$ 2,5 bilhões em 2021 e expectativa de crescimento para até US$ 3,58 bilhões até 2026. Por isso, tem sido explorada a possibilidade de utilizar alternativas como o biocimento, com o objetivo de desenvolver um substituto do cimento que possa se autorregenerar. Um avanço significativo nesse sentido foi feito por um grupo de pesquisadores das Universidades Kohn Kaen e de Tecnologia de Suranaree, na Tailândia, que descobriram que um resíduo gerado durante a clarificação da cana-de-açúcar poderia ser utilizado como biocimento, apelidado de IBFC. Este biocimento é 10% mais leve que o cimento tradicional e, quando combinado com certas bactérias, apresenta propriedades de autocura notáveis devido à menor resistência à compressão do IBFC. Estudos anteriores já apontavam para os benefícios do uso de resíduos industriais derivados do processamento da cana-de-açúcar como material de construção, mas a novidade agora é realmente a capacidade de autocura desse novo material. A pesquisa realizada por esses pesquisadores envolveu a dopagem do cimento convencional com o IBFC e a adição da bactéria Lysinibacillus. Os testes realizados mostraram que as amostras de concreto com fissuras tratadas com IBFC e bactéria apresentaram recuperação total das fissuras em um período de 30 dias, com uma taxa de cura de 86% em 15 dias. A introdução de materiais vivos como bactérias nos materiais de construção não apenas visa à inovação e eficiência, mas também à sustentabilidade. A indústria de produção de cimento e concreto é conhecida por gerar grandes emissões de CO2, contribuindo para o aquecimento global. Portanto, o uso de materiais residuais de outros processos industriais, como os resíduos da cana-de-açúcar no desenvolvimento do biocimento, é uma abordagem promissora para reduzir o impacto ambiental desses materiais de construção. Os pesquisadores destacam a importância de explorar ainda mais os efeitos que microrganismos presentes nos materiais de construção podem ter sobre as estruturas ao longo do tempo. É fundamental compreender como esses organismos orgânicos podem interagir com os materiais e se representam algum perigo para a durabilidade das estruturas. Além do concreto, a busca por materiais de construção mais sustentáveis e eficientes também se estende a outros setores, como plásticos e vidros. A inovação nesse sentido não apenas visa melhorar as propriedades dos materiais, mas também os processos de fabricação para torná-los mais sustentáveis e ecologicamente corretos. Em resumo, a pesquisa em torno do desenvolvimento de biocimento com propriedades de autocura, utilizando resíduos da clarificação da cana-de-açúcar e bactérias como ingredientes-chave, representa um avanço significativo rumo a materiais de construção mais sustentáveis, eficazes e ecologicamente amigáveis. A integração dessas inovações na indústria da construção pode não só reduzir o impacto ambiental desses materiais, mas também simplificar e tornar mais eficiente o processo de manutenção das estruturas construídas.

Fonte Notícia: https://br.ign....

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